segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Samba e malandragem durante Estado Novo

Alunos e alunas, nas décadas de 1920 e 1930, o cinema e o rádio foram mobilizados para a educação e para a propaganda, sobretudo a partir da ascensão de Getúlio Vargas ao poder com a chamada "Revolução de 30". Durante o Estado Novo (1930-1945) tentou-se implantar um projeto de disciplinarização do homem brasileiro por meio do samba. Produzido entre as camadas mais populares e negras, desde seu nascimento o samaba foi visto com desconfiança pelas elites e autoridades brasileiras. Tocar violão era um atestado de vadiagem. Uma série significativa de sambas que tematizava as precárias condições dos trabalhadores, as dificuldades da população com trabalho duro e sem receber uma justa remuneração, exaltava a figura do malandro. Um tipo que preferia dedicar-se a bicos, furtos e exploração de mulheres, evitando entregar-se ao trabalho pesado, que, via de regra, só trazia benefícios aos patrões.

As duas músicas abaixo, Lenço no Pescoço, de Wilson Batista (1933) e Deixa de Arrastar teu tamanco de Noel Rosa apresentam, respectivamente, as vantagens da malandragem e a tentativa de disciplinarizar esse personagem e dar mais respeitabilidade ao samba e ao sambista.

Gradativamente o samba será apropriado pela classe média e se tornará um elemento identitário privilegiado nos discursos sobre o Brasil. Por iniciativa de sambistas que buscavam livrar-se das perseguições policiais, e pela intervenção das autoridades cariocas que buscavam disciplinar as camadas menos privilegidas da população, o samba ia se tornando cada vez mais sério e respeitável.
Por meio de concursos, censura e outras estratégias de cooptação de músicos coordenadas pelo DIP, as autoridades do Estado Novo procuraram incentivar os sambistas a mudar os temas de suas composições.

Fonte de pesquisa:
Almeida, Claudio Aguiar. Cultura e Sociedade no Brasil (1940-1968). Editora Atual.

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