NOTAS SOBRE A 47ª REUNIÃO DA CPI DO TRÁFICO DE PESSOAS NO BRASIL E O ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE PESSOAS EM PERNAMBUCO
A
Audiência Pública da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI do Tráfico de
Pessoas no Brasil realizada na ALEPE (Assembleia Legislativa de Pernambuco) durou
quase cinco horas. Procuradoria Regional do Trabalho, Secretaria de Defesa
Social, OAB, Conselhos Tutelares, entidades civis organizadas e o Núcleo de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Pernambuco foram ouvidos pelos
deputados. Investigar as redes de tráfico e indiciar, via Ministério Público,
os criminosos e aperfeiçoar a legislação são objetivos a serem alcançados até
agosto de 2013. O foco são os crimes cometidos entre 2003 e 2011. Esta foi a
47ª reunião da CPI , que foi instalada em 03 de abril de 2012.
Muito
antes da novela de Glória Peres, exibida pela Rede Globo, o problema do tráfico
de seres humanos já preocupava os poderes públicos. É uma das modalidades de
crimes mais lucrativos na contemporaneidade, perdendo apenas para o tráfico de
drogas e de armas. Os dados indicam que mais de 3 milhões de pessoas são
traficadas por ano em todo o mundo. Em
Pernambuco, segundo dados apresentados pela Polícia Federal, 35 inquéritos
foram abertos para investigar possíveis
casos ligados a este tipo de crime. No
Brasil, há 40 mil crianças e adolescentes desaparecidos. Entre 2011 e 2012,
3.200 pessoas desapareceram em Pernambuco. Quantas delas podem ter sido vítimas
do tráfico? Quantas investigações foram aprofundadas seriamente? Como
Universidade e entidades civis podem contribuir na redução destes números?
Tráfico
de crianças para fins de adoção ilegal, tráfico de mulheres e travestis para
exploração sexual, tráfico de pessoas para trabalho ilegal e/ou assemelhado a
escravidão, tráfico de órgãos e tecidos humanos são algumas das modalidades
criminosas tipificadas. Pernambuco, no bojo do crescimento econômico, não
acompanhado de políticas sociais adequadas, tem mudado o perfil na rede
criminosa. Além de rota do tráfico, nosso estado é destino. A Procuradora Regional
do Trabalho, Débora Tito, por exemplo, elencou vários casos de empresas
autuadas por trazerem trabalhadores de outros estados e os manterem em
condições degradantes de trabalho. Sem falar dos vários casos de tráfico
interno de mulheres vindas de cidades do interior e/ou de outros estados para
serem exploradas em casas de prostituição na capital.
O
tráfico de Pessoas é um crime invisível e complexo para a justiça e demais
autoridades. O desafio é a integração real das políticas e agentes públicos. A
solução é a prevenção, a implantação de melhorias sociais, de educação pública
de qualidade e, claro, a dura punição dos criminosos. O Núcleo Estadual de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, criado desde 2008, é uma parte importante
nestas políticas. Tem como missão fazer o trabalho de prevenção, atender as
vítimas e encaminhá-las as instâncias competentes. O Comitê de Enfrentamento ao
tráfico (CEETP), com representantes de várias secretarias estaduais e
municipais, além de representantes da universidade e demais setores da
sociedade civil exerce também um papel relevante, monitorando e assessorando as
políticas públicas no combate ao tráfico de pessoas em Pernambuco.
A
UFPE participa deste Comitê e tem contribuído com pesquisas e cursos neste
campo, com destaque para a brilhante colaboração de minha colega, representante
titular no CEETP, Professora Doutora Fátima Lucena (Departamento de Serviço
Social/ Comissão Dom Hélder Câmara de Direitos Humanos/ Especialização em
Direitos Humanos- UFPE).
Represento
a Universidade Federal de Pernambuco no Comitê Estadual de Enfretamento ao
Tráfico de Pessoas e estive presente na 47ª Audiência Pública da CPI do Tráfico
de Pessoas no Brasil realizada em Pernambuco em 04 de abril de 2013.
Professora Natália Barros (Centro de
Educação/Colégio de Aplicação/ Vice- Coordenadora da Especialização em Direitos
Humanos da UFPE)
natibarros1@yahoo.com / 8762-3430
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