domingo, 21 de abril de 2013
sábado, 13 de abril de 2013
quarta-feira, 10 de abril de 2013
sábado, 6 de abril de 2013
ALICE UNDERGROUND, MAS NEM TANTO ASSIM...
“e sempre que
a historia
esgotava os
poços da fantasia...”
Lewis Carroll
A peça “Alice Underground” com temporada exibida no Teatro
Eva Hertz na Livraria Cultura do Shopping Rio Mar, em Recife, merece algumas considerações.
A primeira delas está no mérito do esforço em trazer ao
público uma releitura dos clássicos Alice no País das Maravilhas e Alice
através do espelho, de Lewis Carroll, escritor inglês do século XIX, e propor
uma dose de ousadia, marcadamente em sua trilha sonora. No entanto, alguns
graves deslizes ofuscaram o potencial da proposta.
De modo geral, observamos uma notória dificuldade em romper
a cotidianidade e explorar a dimensão fantasiosa. Dimensão essa presente no
texto e citada nas falas iniciais que introduzem uma perspectiva nonsense e existencialista que,
lamentavelmente, não se configuraram na maior parte das cenas seguintes,
marcadas por certa banalização do hiper-real, que reduzido de modo racional e
preconceituoso, cai em um inevitável senso comum do proposto alter (outro). Não se olha o outro que
se sugere haver em sua multiplicidade de possibilidades, mas ratificam-se
estereótipos de comportamentos alternativos.
Vale destacar a pobreza do texto indicadora de uma
superficial leitura dos originais de Lewis Carroll. Para subverter ou para
interpretar livremente parece-nos ser fundamental dominar o texto original,
adentrar na experiência e “atmosfera” literária, potencializando-as no gestual
que, em muitos casos, tem mais força que o próprio texto. Parece-nos ainda, que
nos momentos de menor ênfase nas falas chegava-se ao tempo forte de expressão
artística, não cotidianizada.
Considerando-se que não se tratou de uma comédia, fora o
riso, o texto e as interpretações não provocaram espanto, inquietação.
Infelizmente, a dimensão de submundo (underground) não foi representada,
tampouco a loucura e o lúdico, trazendo muito mais clichês e mesmices.
Um detalhe a parte, e lamentável, foi a falta de gestão
administrativa do teatro Eva Hertz que vendeu ingressos até depois do inicio da
apresentação provocando um inconveniente abrir e fechar de portas que retirava
a atenção dos presentes. É lastimável que o público não seja pontual e se
adeque minimente às condições de um local coletivo de expressão artística que
exige concentração e rupturas como é próprio do espaço teatral.
Natalia Barros e
Francisco Cavalcanti – 06/04/13
sexta-feira, 5 de abril de 2013
NOTAS SOBRE A 47ª REUNIÃO DA CPI DO TRÁFICO DE PESSOAS NO BRASIL E O ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE PESSOAS EM PERNAMBUCO
A
Audiência Pública da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI do Tráfico de
Pessoas no Brasil realizada na ALEPE (Assembleia Legislativa de Pernambuco) durou
quase cinco horas. Procuradoria Regional do Trabalho, Secretaria de Defesa
Social, OAB, Conselhos Tutelares, entidades civis organizadas e o Núcleo de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Pernambuco foram ouvidos pelos
deputados. Investigar as redes de tráfico e indiciar, via Ministério Público,
os criminosos e aperfeiçoar a legislação são objetivos a serem alcançados até
agosto de 2013. O foco são os crimes cometidos entre 2003 e 2011. Esta foi a
47ª reunião da CPI , que foi instalada em 03 de abril de 2012.
Muito
antes da novela de Glória Peres, exibida pela Rede Globo, o problema do tráfico
de seres humanos já preocupava os poderes públicos. É uma das modalidades de
crimes mais lucrativos na contemporaneidade, perdendo apenas para o tráfico de
drogas e de armas. Os dados indicam que mais de 3 milhões de pessoas são
traficadas por ano em todo o mundo. Em
Pernambuco, segundo dados apresentados pela Polícia Federal, 35 inquéritos
foram abertos para investigar possíveis
casos ligados a este tipo de crime. No
Brasil, há 40 mil crianças e adolescentes desaparecidos. Entre 2011 e 2012,
3.200 pessoas desapareceram em Pernambuco. Quantas delas podem ter sido vítimas
do tráfico? Quantas investigações foram aprofundadas seriamente? Como
Universidade e entidades civis podem contribuir na redução destes números?
Tráfico
de crianças para fins de adoção ilegal, tráfico de mulheres e travestis para
exploração sexual, tráfico de pessoas para trabalho ilegal e/ou assemelhado a
escravidão, tráfico de órgãos e tecidos humanos são algumas das modalidades
criminosas tipificadas. Pernambuco, no bojo do crescimento econômico, não
acompanhado de políticas sociais adequadas, tem mudado o perfil na rede
criminosa. Além de rota do tráfico, nosso estado é destino. A Procuradora Regional
do Trabalho, Débora Tito, por exemplo, elencou vários casos de empresas
autuadas por trazerem trabalhadores de outros estados e os manterem em
condições degradantes de trabalho. Sem falar dos vários casos de tráfico
interno de mulheres vindas de cidades do interior e/ou de outros estados para
serem exploradas em casas de prostituição na capital.
O
tráfico de Pessoas é um crime invisível e complexo para a justiça e demais
autoridades. O desafio é a integração real das políticas e agentes públicos. A
solução é a prevenção, a implantação de melhorias sociais, de educação pública
de qualidade e, claro, a dura punição dos criminosos. O Núcleo Estadual de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, criado desde 2008, é uma parte importante
nestas políticas. Tem como missão fazer o trabalho de prevenção, atender as
vítimas e encaminhá-las as instâncias competentes. O Comitê de Enfrentamento ao
tráfico (CEETP), com representantes de várias secretarias estaduais e
municipais, além de representantes da universidade e demais setores da
sociedade civil exerce também um papel relevante, monitorando e assessorando as
políticas públicas no combate ao tráfico de pessoas em Pernambuco.
A
UFPE participa deste Comitê e tem contribuído com pesquisas e cursos neste
campo, com destaque para a brilhante colaboração de minha colega, representante
titular no CEETP, Professora Doutora Fátima Lucena (Departamento de Serviço
Social/ Comissão Dom Hélder Câmara de Direitos Humanos/ Especialização em
Direitos Humanos- UFPE).
Represento
a Universidade Federal de Pernambuco no Comitê Estadual de Enfretamento ao
Tráfico de Pessoas e estive presente na 47ª Audiência Pública da CPI do Tráfico
de Pessoas no Brasil realizada em Pernambuco em 04 de abril de 2013.
Professora Natália Barros (Centro de
Educação/Colégio de Aplicação/ Vice- Coordenadora da Especialização em Direitos
Humanos da UFPE)
natibarros1@yahoo.com / 8762-3430
Assinar:
Postagens (Atom)